terça-feira, 17 de março de 2015

QUANDO A VIDA LHE PEDE UM TEMPO...

QUANDO A VIDA LHE PEDE UM TEMPO...


Pronto! Aconteceu. Quando menos esperávamos, surgiu o acidente,
O imprevisto, a doença, o sofrimento pela perda de um ente querido.
A provação da carência, um relacionamento perdido... A desilusão.
E, de inopino a vida nos fez parar, na verdade, nos veio abençoar
Com a dádiva de um tratamento, deixando em nós a descoberto
O tempo... Muito tempo.

Quando a correria do mundo de hoje, mundo tumultuado e complexo,
Nos requer mil e duas coisas a realizar,
Providencias sempre urgentes a tomar,
Quando sequer nos permitimos deixar a oportunidade
Aparecer... Quando a nossa rotina tão certinha, tão segura... Tão acomodada,
Simplesmente nos impede de melhor perceber, pensar, criar, inventar, reconsiderar, avaliar, refletir, renovar nos nossos caminhos que muitas vezes deixamos inconscientemente à deriva...
Quando assim, alienados do prazer de servir,
Do apenas sentir,
Apenas ser
Apenas viver
As coisas belas da vida... Um sorriso de uma criança que nos saúda,
O carinho de um velhinho...
Uma flor que desabrocha, um por do sol, um lindíssimo cristal iridescente,
Que mora dentro de uma gota d’água que após o sereno lentamente se espraia
Banhando-se preguiçosa na luz do sol,
Doando-se majestosa à serenidade transformadora que de si permite-se fluir,
Quando de repente nos vemos um pouco mais a sós...

Veja: aí então a misericórdia de Deus em nós
Se torna ainda mais presente, calorosa, aconchegante, ardente
Vislumbrando-nos novos horizontes, lindíssimos arco-íris... Nos permitindo o desenvolver de altruístas disponibilidades, de virtudes,
De capacidades, de habilidades
Que dantes estavam apenas adormecidas...
Olhe! É quando chegam as oportunidades! É quando novas portas se abrem!
Oportunidades que de certa forma atraímos para nós mesmos...
Aí vem a chance de nos amar, nos curar, nos reavaliar, nos refazer,
Nos ressignificar, ressignificando nossas vivências,
Nos autoconhecer seja num leito de hospital ou no carinho do lar.
Lar que sempre rico, nos traz mil aprendizados,
Quando assim podemos, como nunca fizemos antes,
Ver-entender melhor as pessoas... Sentir melhor quem de nós são caros...

Quando assim Deus nos guia, os anjos nos embalam e elevam nossa consciência.
Quando assim podemos meditar, instruirmo-nos, repensarmo-nos.
Quando assim podemos parar e ver, sentir e dizer à nossa consciência:
Meu Deus, qual a lição que essa situação me quer transmitir?
O que preciso mudar para me redimir?
Do tempo em vão que gastei, do pão que recusei,
Do excesso de atividades que me ocupei,
Do meu intruso ego que exaltei
Do pouco tempo que às pessoas que amo, dediquei...
Do morador de rua que não enxerguei?
O que preciso enxergar agora, Meu Deus?

Deus, que nunca nos desampara, que sempre esteve conosco,
Que nos momentos fáceis ou difíceis e nas vicissitudes nos prova,
Nos dá força, nos proporciona aumentar nossa fé,
Desenvolver e criar novas esperanças,
Através do sadio repouso, da bonança
Que nos permite entrar em contato com nosso silencio...

E neste nosso interior templo de serenidade,
Podemos sentir a abençoada saudade
De um tempo que já se foi, saudade até do futuro!
Mas que é no aqui e agora que devemos viver!
Saudade de alguém que muito amamos,
Da criança que um dia fomos,
Saudade profícua que vem lapidar
Nossos sentimentos,
Nossos pensamentos,
E mesmo mitigar nosso sofrimento.
Que agora nos pedem a concessão
Do incondicional perdão...
Perdão para tudo e para todos
Que magoamos ou que fomos por eles magoados
Mas que por dádiva divina cruzaram nossos caminhos,
Desde o mundo, desde nossos ninhos!

Quando em desabalada carreira,
Quando da vida e da morte à beira,
Nossos olhos se fecham ao esplendor da vida
Nossos ouvidos deixam de ouvir a canção das brisas,
Nossa boca não fala o essencial...
Aí precisamos confiar nos sábios processos que a Vida nos traz,
E nos convida à refletir, a vigiar, a orar... A rogar a Deus nova chance...
A entregar ao Pai nossos problemas, nossas lágrimas sentidas,
A olhar para dentro de nós mesmos, tesouro incomparável.
A reviver, a permitir desabrochar em nós
Novo alento, novos arrebóis.
No contato harmonioso e íntimo com a Natureza...
Ver do sol, das estrelas, da lua, a infinda Beleza
Que nos traz a viva certeza,
De que tudo haverá de passar!
De que tudo pode mudar.
Mas que só Deus permanece,
Em nosso coração como uma Infinita Prece,
Ou a mais linda cósmica Poesia
Para alcançarmos a Sabedoria
Do nosso Eu Maior, nossa Alma Eterna
Que nos solicita, implora e nos incita
A realizar aqui e agora
O que precisamos verdadeiramente fazer do dom maravilhoso
Que nos foi presenteado,
O dom de nossa vida!
Que de forma alegre ou sofrida,
Nos oportuniza sempre alçar lindo vôo aos Céus de nosso Espírito.
E qual linda fênix,
Elevarmo-nos à bem-aventurança e paraíso do nosso Ser.

Quando a Vida nos pede um tempo...
Dê um tempo à própria vida !!!
Para estacionar e se refazer...
Para na cárita-ação te engrandecer.
Para afiar nossos instrumentos.
Para novamente encontrarmos O Caminho,
Dos anjos humanos que nossa alma deseja ser.
E nos calcarmos mais fundo na Realidade,
Na essencial Felicidade.
Mesmo na desilusão que nos atenta ser
Seres mais úteis, operosos,
Seres mais amorosos,
Seres mais sábios,
Seres de Luz,
Seres em Deus.
Seres em Jesus!

E enfim, quando a dinâmica da vida ou da morte chegar
Veremos aqui ou em qualquer lugar
Que tudo o que fizemos aos outros
Em verdade foi a nós mesmos que fizemos.

Quando a vida lhe pede um tempo...
A vida lhe pede rumos!
E eis a hora de agradecer!
Eis a hora de crescer!
Eis a hora de ampliar
Nosso amar.
Nossa fraternal comunhão
Com Deus, com o incondicional Amor
Que fará feliz nosso coração
Em prece-vida, em vida-oração
Unindo-nos ainda mais a Deus
Vendo Deus em todos os seres...
Vendo Deus em cada irmão.
Ivanildo Falcão da Gama

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